quinta-feira, 7 de maio de 2009

ETERNIDADE DA VIDA


A vida sem começo e sem fim
A visão da eternidade da vida não é com certeza única do budismo, mas amplamente aceita entre muitas antigas religiões indianas. O budismo revelou a Lei de Causa e Efeito que atua por todos os lados desse eterno fluxo da vida. Porém, essa visão ainda se baseia no fatalismo ou no determinismo e praticamente nega a existência do livre arbítrio. Aprofundando ainda mais na lei da causalidade, o Sutra de Lótus ensinava que as pessoas possuem um poder inerente com o qual podem desafiar o destino e romper as correntes.

As causas cometidas no passado produzem no presente os efeitos correspondentes e as ações do presente formam por sua vez o futuro da pessoa. Porém, uma vez que a vida da pessoa neste mundo está predestinada como conseqüência das causas passadas, não se pode mudar o destino para melhor. Sem voltar para o passado e transformar essas causas, nada há a fazer a não ser conformar-se com as circunstâncias do presente. Mas é impossível repetir o passado e, portanto, mudar o presente. Essa é a visão comum do destino.

Em contraste, o Sutra de Lótus esclareceu a realidade da vida eterna e imutável que existe independentemente do carma criado de acordo com a lei da causalidade e ensinou que é possível mudar o destino da pessoa e também o futuro fazendo essa vida aflorar. Para que as pessoas compreendessem isso, o Sutra de Lótus esclareceu o sistema pelo qual a vida e a lei funcionam apresentando uma análise detalhada da vida.

O conceito da eternidade da vida não pode ser compreendido com facilidade pelas pessoas da época atual, apesar de ter sido parte integrante das antigas religiões indianas. Essa é uma das questões mais controversas. Além do mais, é praticamente impossível comprovar cientificamente a eternidade da vida. Se os cientistas quiserem analisar o estado em que a vida continua após a morte, deverão primeiro compreender o que a vida realmente é. Mas ainda não há nenhum método científico para compreender a qualidade essencial da própria vida.

É necessário julgar as hipóteses religiosas e verificar como elas explicam o fenômeno da vida, que parece ser inexplicável à limitada inteligência humana. O conceito budista de que a vida é eterna e que, no entanto, passa por constantes transformações de uma forma para outra é a explicação mais lógica para justificar as diferenças entre os vários destinos dos seres humanos desde o momento do nascimento. As pessoas nascem em diferentes condições e circunstâncias, e devem transformá-las se quiserem alcançar a felicidade. Se uma existência anterior não tiver sido postulada para uma pessoa viva no presente, o destino ou carma dessa pessoa deve ser atribuído a outro ser absoluto e sobrenatural, ou ao puro acaso. A hereditariedade não é a única responsável pelas diferenças individuais, pois diferenças existem até mesmo entre filhos dos mesmos pais. Concluindo, a explicação mais razoável diz que a vida continua eternamente, dependendo da lei do carma ou de causa e efeito que opera no passado, no presente e no futuro.


Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora Brasil Seikyo, © 2004. Direitos reservados. É proibida a reprodução de texto e imagens contidos nesta publicação

Nenhum comentário:

Postar um comentário