quinta-feira, 7 de maio de 2009

Bom Amigo e Mau Amigo


Bons amigos e maus amigos
(zentishiki e akutishiki)
O objetivo da prática budista é atingir o estado de Buda (iluminação).

No budismo, uma pessoa que ajuda outra a atingir esse objetivo, ensinando-lhe sobre a prática ou encorajando-a na fé, é chamada de “bom amigo” ou “boa influência” (zentishiki, em japonês). Ao contrário, uma pessoa que impede e desencoraja outra em sua busca da iluminação é chamada de “mau amigo” ou “má influência” (akutishiki).

Em suas escrituras, Nitiren Daishonin aplica o termo “bom amigo” de várias maneiras. Em alguns casos ele o usa impessoalmente referindo-se ao Sutra de Lótus ou à Lei Mística. Em outros, ele o emprega com o significado de Buda, que tornou o caminho da iluminação acessível a todos. Porém, o termo é mais comumente utilizado para indicar uma pessoa que encoraja uma outra ao longo da prática da fé.

No 27º capítulo do Sutra de Lótus, Myoshogonno (Os feitos anteriores do Rei Adorno Maravilhoso), consta: “Um bom amigo é uma grande causa e circunstância. Em outras palavras, é aquele que ensina e guia outros, capacitando-os a adquirir a sabedoria do Buda e despertando-os para a iluminação.” Na escritura “Três mestres tripitaka oram por chuva”, Daishonin afirma: “Quando se transplanta uma árvore, mesmo que soprem ventos violentos, ela não tombará se tiver uma firme estaca para mantê-la em pé. Porém, mesmo uma árvore que cresceu em um lugar adequado pode cair se suas raízes forem fracas. Uma pessoa fraca não sucumbirá se aqueles que a apóiam forem fortes, mas uma pessoa de considerável força, quando só, poderá tropeçar num terreno irregular. (...)

“Portanto, o melhor modo de atingir o estado de Buda é encontrar um zentishiki, ou um bom amigo. Até onde a sabedoria de uma pessoa pode levá-la? Se essa pessoa possui sabedoria suficiente pelo menos para distinguir o quente do frio, deve procurar um bom amigo.

“Contudo, encontrar um bom amigo é algo muito difícil. Assim, o Buda comparou esse feito à raridade de uma tartaruga de um olho só achar um tronco de sândalo flutuante com uma cavidade com tamanho certo para comportá-la, ou à dificuldade de puxar uma linha do Céu Brahma e passá-la pelo orifício de uma agulha na Terra. Além do mais, nestes maléficos Últimos Dias, os maus companheiros são mais numerosos do que partículas de pó que compõem a terra, ao passo que a quantidade de bons amigos é menor do que a de grãos de poeira que se consegue amontoar sobre a unha de um dos dedos da mão.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin [END], vol. 6, pág. 167.)

É uma grande alegria criar laços de amizade com pessoas que nos conduzem à correta prática da fé, incentivando-nos quando estamos desanimados, apontando nossas falhas quando necessário, compartilhando suas experiências e possibilitando-nos enxergar os fatos com uma visão mais ampla. Um dos propósitos de nossa organização é ajudar as pessoas a seguir o correto caminho da prática budista.

Por outro lado, um “mau amigo” é aquele que, intencionalmente ou não, dificulta ou então impede a nossa prática. Nitiren Daishonin usou freqüentemente o termo para referir-se aos mestres budistas que, deliberadamente ou por ignorância, distorciam os ensinos budistas e desencaminhavam as pessoas. Um mau amigo também pode ser alguém que concorda conosco mesmo quando estamos errados e não nos alerta.

Contudo, fundamentalmente, somos nós que determinamos se uma pessoa é um bom ou um mau amigo, isto é, se ela encoraja ou impede nossa fé. Tomemos como exemplo uma pessoa que nos critica e que faz de tudo para impedir nossa prática budista. Se nos sentirmos desencorajados a ponto de abandonarmos a prática, foi porque permitimos que ela agisse como um mau amigo. Mas se apesar de irados, magoados e entristecidos transformarmos esses sentimentos em um ímpeto para aprofundarmos ainda mais nossa fé no Gohonzon, foi porque enxergamos nessa pessoa um bom amigo.

O próprio Nitiren Daishonin demonstrou que isso é uma grande verdade. Ele disse: “Os melhores agentes positivos que ajudaram Nitiren a atingir a iluminação foram Tojo Kaguenobu, os bonzos Ryokan, Doryu e Doamidabutsu, Hei no Saemon e Hojo Tokimune. Sem eles, Nitiren não poderia ser o devoto do Sutra de Lótus.” (END, vol. 1, pág. 171.) O ideal seria considerarmos tudo que nos ocorre, os acontecimentos bons e maus, como um motivo para aprofundarmos a fé, tornando todas as pessoas que se relacionam conosco nossos bons amigos e, o mais importante, procurarmos ser bons amigos para aqueles que nos rodeiam.

Fonte:
TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 403, PÁG. 10, MARÇO DE 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário